Onde tentam apagar rostos!
Onde tentam apagar rostos!
Nos arcabouços dos lastros onde
muitos tentam se esconder — ou melhor, onde tentam apagá-los,
excluí-los — sobrevivem aqueles relegados aos lugares
mais desprezíveis, espaços em que nem sequer se lembram da fisionomia dos que
ali são lançados, trancafiados, humilhados.
Vive-se nessa escuridão sem precisar esperar o
raiar do dia para se estabelecer, pois já carregam em si as manchas do descaso e da opressão.
Desaparecem, e às
vezes surgem em algum canto — mas sem força. E quando aparecem, logo se apagam,
pela falta do caminhar dos próprios pés, pela mudez forçada, pelo pensamento
suprimido, pela fome, pela falta de alguém que os note.
Não se busca apenas a
ajuda dos que pensam; busca-se mostrar que o sangue tem a
mesma cor, mesmo quando o tom da pele insiste em ser usado como
fronteira.
NRC®
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