Caminhos para preservar a saúde psíquica dos policiais brasileiros

O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresenta dados alarmantes que evidenciam uma trajetória em relação à saúde psíquica dos policiais brasileiros. Tal situação é motivada pela visão equivocada que pode omite o caráter humano dos agentes. Desse modo, convém discutir de que maneira a figura do policial herói deve ser desmistificada e como o poder público deve agir para reduzir essa tragédia.

Em primeiro lugar, entende-se que a mentalidade social do cidadão brasileiro é um impulsionador do estereótipo do policial herói. Conforme o escritor Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", o brasileiro não age segundo a razão e o pensamento crítico, mas sim segundo as emoções. Tal visão pode ser associada aos altos índices de suicídios entre agentes de segurança, tendo em vista que a sociedade aprendeu a enxergá-los como os que não podem falhar e devem assumir riscos que nenhuma outra categoria sustentaria em detrimento de qualquer outra prioridade, como a própria saúde mental. Dessa forma, a consequência desse comportamento social pouco racional impede que os operadores de segurança tenham abertura para se auto-observarem e, assim, identificarem indícios de transtornos mentais.

Em segundo plano, outro fator que merece atenção é a atuação estatal em relação à higidez mental dos policiais. De acordo com o ranking da ONU, o Brasil é o oitavo país mais letal do mundo. Esse alarmante contexto implica na necessária e proativa atenção e apoio psicológicos para os agentes, pois ainda há uma cultura omissiva em relação a essa classe, o que dificulta a imediata identificação e o rápido suporte aos servidores enfermos. Diante dessa situação, é preciso que o Estado reforce o suporte terapêutico preventivo no âmbito das corporações, o que evitará casos de suicídio e incidentes evitáveis, como lesões a colegas de trabalho ou a civis.

Diante do exposto, nota-se que o estereótipo do policial inquebrantável é a raiz desse problema. Logo, enquanto não houver uma mudança de consciência social bem como uma atuação proativa do Estado, não haverá chances reais de mitiga os impactos causados pelo adoecimento mental dos policiais brasileiros.


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